AUTOCRACIA

1.18.2005

Macro-Evolução


(Este texto é o terceiro numa série de tópicos dedicados ao Evolucionismo e deverá ser lido em seguimento do “Creacionimo vs Evolucionismo”)

Não sou um especialista na matéria e, a maior parte das observações que encontrarão aqui, são fruto de uma reflexão pessoal. Se desejarem informação mais técnica poderão consultar este site.
A teoria da Macro-Evolução foi desenvolvida em resposta à constatação formal da impossibilidade do modelo darwinista de uma evolução gradual do primeiro micro-organismo até à actual diversidade das espécies. Para tal fenómeno suceder a constante evolutiva teria de conter um elemento de bizarria, que permitisse a ocorrência de “saltos evolutivos”, em que uma espécie poderia degenerar numa outra. Este elemento da equação é coerente com uma presença universal do fenómeno de aberração natural. A própria teoria do Big-Bang e a assimetria tendencial e consequente - das elipses orbitais, aos rostos humanos – comunica a existência úbiqua do erro sistemático em oposição à harmonia perfeita e imóvel (sem o desvio inicial a singularidade mantinha-se).
Os saltos evolutivos são consistentes com as leis da termodinâmica, ou mais precisamente, com a entropia enquanto medida de desordem e sugere uma aplicação biológica do princípio de Boltzmann. Oferecem sem dúvida uma melhor fundamentação empírica (embora não absoluta) que a do modelo darwinista, reduzido assim ao conceito de micro-evolução. O indício mais evidente da probabilidade do princípio macro-evolutivo é fornecido pela ocasional ocorrência da geração de aberrações dentro da própria espécie humana.
Contudo, a hipótese do Homem e de qualquer outra espécie terem sido espontaneamente criadas parece inaceitável e é impossível de observar. Constrói uma excelente manobra de exploração do facto de não haverem provas fósseis de fases de transição na linhagem ontológica proposta. Desde que há História, não se conhece um único caso em que uma aberração gerada por descendência do Homem tenha dado origem a uma outra espécie. É, no entanto, pueril desacreditar a teoria da Macro-Evolução por esta única razão. O pensamento religioso sempre mistificou as aberrações naturais, atribuindo-lhes um carácter auspicioso negativo. Na era cristã erradicava-se sem ressentimento toda a criança que nascesse com deficiências físicas graves, com a convicção que eram frutos da acção demoníaca. Este costume não é exclusivo do cristianismo e, por razões diferentes, os infanticídios foram praticados por quase todas as civilizações. Em Esparta, atiravam-se as crianças mais débeis do cimo de um precipício; no Peru, os Incas sacrificavam-as aos Deuses…
É seguro admitir, por conseguinte, a inevitabilidade da inexistência de provas históricas dos supostos saltos evolutivos. Mas há outros aspectos a considerar. Pegando no exemplo do Archaeopteryx (apontado por alguns como fraude), é impensável supor que tal espécie tenha sido criada por mero acaso. Não existem registos fósseis de aves mais primitivas e, já no exemplo citado, as asas eram exactamente idênticas às das aves actuais. Uma simples pena dessas asas é de uma complexidade aerodinâmica tão arrebatadora que se torna inimaginável compará-la com um pêlo ou escama. Se quisermos remeter tal génio criador a um salto evolutivo teremos de ponderar a eventualidade da existência de uma “inteligência genética” que concebesse uma obra tão formidavelmente única no espaço de uma geração. E esse conceito é obviamente sinónimo de algo bastante menos científico…
A Ciência como doutrina é a procura de leis que expliquem a totalidade dos fenómenos naturais. Neste contexto, o seu objectivo máximo será o de explicar a própria totalidade numa teoria unificadora (o popular Santo Graal da Ciência). A fronteira em causa está cada vez mais próxima: descodificou-se recentemente o genoma humano, observaram-se os limites do Universo – cartografias do Macrocosmos e do Microcosmos. Hoje, é possível fabricar materiais inexistentes na Natureza, sintetizar elementos igualmente estranhos, gerar artificialmente crias de qualquer espécie zoológica, etc, etc, etc. Ascendemos a um patamar que séculos antes se julgava só Deus poder ocupar. O poder demiúrgico já não é um exclusivo divino…
A fatalidade deste raciocínio é que a Ciência, perante tais conquistas, não será capaz de entender a totalidade do Cosmos quando esta se lhe apresentar, pois é impermeável à ideia de uma entidade causadora da realidade natural. As relações de causa-efeito que estuda são sempre desprovidas de uma Causa e contidas pandoramente em si mesmas.
A Macro-Evolução, assim desconstruída, remete-nos mais para a realização de uma força creativa arbitrária do que para a mera casualidade dos eventos naturais. E é solenemente trágico constatar que essa conclusão escapou à análise dos seus próprios seguidores, que perante uma teorização sobre Deus nunca se Lhe refira. A Macro-Evolução torna-se em termos genéricos sobretudo uma demonstração da negligência científica e do dogmatismo anti-metafísico da actualidade epistemológica.


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