3.02.2005
Echelon
A propósito de um tópico recente n'A Grande Mentira, aproveito para publicar este assunto aqui a título de comentário, até porque é demasiado extenso. Leiam esse tópico antes deste.
O assunto em questão é o proverbial "Big Brother". Ao se deparar com um site da CIA sobre factos internacionais perversamente complexos, o meu caro companheiro de armas, levantou uma séria questão:
«Se esta é a informação que estão dispostos a divulgar, e a assumir que a colecionam, não quero sequer pensar na "indisponível"»
Embora aqui apenas se referisse à CIA, logo a seguir observa bem que devemos pensar «nisto como uma escala. Os países vigiam países que por sua vez vigiam cidadãos.»
O que ficou por dizer é ainda mais aterrador. Os países auxiliam-se nessa tarefa de espionagem, cooperam para que nenhum hertz de informação escape por entre a apertada malha da rede de oscultação global. Isso é o Projecto Echelon, o "Big Brother". O aspecto mais sórdido desta operação é ter conseguido fomentar a dúvida da sua própria existência, apesar da sua alcunha já ter até originado "Reality-Shows".
Esta é a maior artimanha de todas! É prova que o melhor sítio para esconder um alfinete, não é numa meda de palha, mas num monte de alfinetes. É isso a desinformação. Fazer circular informação de todo o tipo, até que ninguém acredite já na realidade das primeiras suspeitas. O "Big Brother" hoje tornado mito urbano, ufologia, teoria da conspiração, ou pior ainda, tornado entretenimento, é um testemunho do quanto este método contribui para gerar o descrédito em volta desta matéria. É um testemunho de que o melhor método para tornar as massas ingorantes (e consequentemente, impotentes e submissas), não é esconder os assuntos, mas divulgá-los em pequenas doses ambíguas e de preferência contraditórias. Permitir que essas doses corroam o imaginário de todos, alimentem as especulações, se multipliquem em factóides, degenerem em folclore e se vulgarizem. Sobrinformar é desinformar! É de uma simplicidade maquiavélica!
Acreditem ou não, o projecto Echelon é uma realidade. E embora, não seja do conhecimento de todos, o próprio Parlamento Europeu tem vindo a designar comissões [1] [2] [PDF],de há uns anos para cá, para desenvolverem relatórios sobre ele. Estas comissões não são fundamentadas em fantasias, mas em verdadeiros indícios de sistemas de intercepção globais.
É difícil saber onde reside a verdade nestas circunstâncias e eu próprio posso estar a cometer a imponderabilidade de compactuar com a fábrica de mentiras popular, ao defender esta posição. Mas prefiro acreditar que o Echelon existe, mesmo na ausência de provas, e mais tarde vir a verificar que era tudo imaginação minha. Prefiro isso a resignar-me a um limbo silogístico, a uma área cinzenta do mundo, onde nao há poder de julgamento, de olhar fixo na balança da informação à espera de uma oscilação de desiquilíbrio, que me permita escolher. Prefiro isso ao nihilismo da dúvida permanente, à letargia racional. Prefiro-o, porque senão o fizesse, o mundo começaria a parecer, a cada realidade que negasse, cada vez menos sólido, cada vez menos tangível. Prefiro afirmar uma mentira, do que negar uma verdade.
O Echelon foi iniciado em plena Guerra Fria. Usado inicialmente, para espiar comunicações soviéticas. Nesta conjuntura, tal projecto era perfeitamente aceitável, a CIA, tal como o KGB, investia em todo o tipo de investigações mengelianas.
- Desde o MKULTRA e o BLUEBIRD ou ARTICHOKE (projectos aberrantes em que se procurou descobrir drogas e métodos de controlo da mente e técnicas de interrogação, a famosa "droga da verdade" deve a sua existência a ele);
- o HAARP (desenvolvimento de armas energéticas ionosféricas);
- Desde o MKULTRA e o BLUEBIRD ou ARTICHOKE (projectos aberrantes em que se procurou descobrir drogas e métodos de controlo da mente e técnicas de interrogação, a famosa "droga da verdade" deve a sua existência a ele);
- o HAARP (desenvolvimento de armas energéticas ionosféricas);
- o CORONA e o SAMOS ou SENTRY (vigilância por satélite) que culminaram no GAMBIT (as famosas imagens de aquisição de alvos por satélite na Guerra do Iraque são um resultado directo da tecnologia orquestrada por estes projectos);
- não olvidando o Projecto Manhattan em que se desenvolveu a primeira bomba nuclear;
- as investigações em guerra biológica, etc,
A lista é interminável. Há até uma experiência simultaneamente caricata e cruel, em que introduzem eléctrodos num gato doméstico de forma a utilizá-lo para espionagem - o Projecto vulgarmente apelidado de "Acoustic Kitty". Todos estes assuntos estão extensamente documentados neste site, foram todos compulsivamente publicados após a Lei de Liberdade de Informação.
- não olvidando o Projecto Manhattan em que se desenvolveu a primeira bomba nuclear;
- as investigações em guerra biológica, etc,
A lista é interminável. Há até uma experiência simultaneamente caricata e cruel, em que introduzem eléctrodos num gato doméstico de forma a utilizá-lo para espionagem - o Projecto vulgarmente apelidado de "Acoustic Kitty". Todos estes assuntos estão extensamente documentados neste site, foram todos compulsivamente publicados após a Lei de Liberdade de Informação.
As actividades no campo de investigação bélica, de contra-inteligência e de espionagem, não cessaram com o colapso da Cortina de Ferro e continuam a ser financiadas pelo governo norte-americano (e não só). Muitos dos projectos acima citados estão ainda hoje em curso com outros nomes de código e/ou objectivos, assim como muitos outros dos quais só ouviremos falar na próxima década. A própria internet foi desenvolvida em 1969 pelo ARPA (Advanced Research Projects Agency) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. É curioso que na primeira telecomunicação efectuada só se conseguiram enviar duas letras e o sistema crashou a seguir. As letras foram o "I" e o "O". Io era uma princesa grega que foi transformada em vaca lol.
As comissões do Parlamento Europeu não se destinam a averiguar se o Echelon existe ou não, mas antes a reunir provas da sua actividade. É conhecida a aliança de países forjada em 1948 sob o nome de UKUSA, com o único intuito de vigiarem todas as telecomunicações, telemetrias de mísseis, satélites, controlos radar, etc. Esta coligação nunca foi dissolvida e visa dar continuidade ao SIGINT e ao ECHELON. Os países envolvidos são os Estados Unidos, o Reino Unido, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia. A união de esforços possibilita uma cobertura total das telecomunicações globais. E só graças às investigações privadas de um jornalista da Nova Zelândia, que procurou esclarecer as colaborações evidenciadas entre a NSA e o GSCB (Government Communications Security Bureau da Nova Zelândia), hoje é possível dizer que o "Big Brother" não é ficção. O trabalho de Nicky Hager pode ser lido nesta página. O mais incrível de tudo isto é que o Echelon está cotado na bolsa!
A questão de fundo é que, não se trata do poder de uma agência ou de um país, o controlo é global e multilateral. As potencialidades finais deste tipo de operação são pura omnipotência, não é apenas invasão de privacidade, é domínio mundial.
As comissões do Parlamento Europeu não se destinam a averiguar se o Echelon existe ou não, mas antes a reunir provas da sua actividade. É conhecida a aliança de países forjada em 1948 sob o nome de UKUSA, com o único intuito de vigiarem todas as telecomunicações, telemetrias de mísseis, satélites, controlos radar, etc. Esta coligação nunca foi dissolvida e visa dar continuidade ao SIGINT e ao ECHELON. Os países envolvidos são os Estados Unidos, o Reino Unido, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia. A união de esforços possibilita uma cobertura total das telecomunicações globais. E só graças às investigações privadas de um jornalista da Nova Zelândia, que procurou esclarecer as colaborações evidenciadas entre a NSA e o GSCB (Government Communications Security Bureau da Nova Zelândia), hoje é possível dizer que o "Big Brother" não é ficção. O trabalho de Nicky Hager pode ser lido nesta página. O mais incrível de tudo isto é que o Echelon está cotado na bolsa!
A questão de fundo é que, não se trata do poder de uma agência ou de um país, o controlo é global e multilateral. As potencialidades finais deste tipo de operação são pura omnipotência, não é apenas invasão de privacidade, é domínio mundial.
Outros links:
Spy System Spammed - Como rebentar com as costuras do Echelon
The Guardian UK - Artigo sobre o relatório do Parlamento Europeu
Erosion of Individual Character - Tudo sobre o Echelon
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